No último domingo, 01/03, o Fabrique Club recebeu as bandas Basalt, Labirinto e Amenra. Já disseram isso antes, mas existem situações que precisam ser vividas. Sim, um show de metal é uma experiência diferente!
Para pessoas que estão acostumadas a ir em shows, cantar junto com os ídolos, aplaudir músicas, dançar e comemorar solos, ver um show de metal ao vivo, te faz enxergar um novo mundo.
A banda que abriu a noite (também a mais comunicativa), foi a Basalt. Conheci o black metal, e toda consciência social por trás da banda (pois existem grupos de black metal antifascistas, sim).
Marcelo Fonseca utilizou seus vocais rasgados e guturais em uma postura totalmente agressiva no palco, representando toda aquela raiva que guardamos e podemos aliviar através da expressão artística.
Entre uma faixa e outra, ele dialogava com o público, agradecendo aos que chegaram cedo para assisti-los. E foram muitas pessoas, algo muito importante, pois as bandas nacionais precisam de apoio e reconhecimento, sim!
Uma das falas mais sábias de Marcelo, e que apesar de simples, representa toda a complexidade dos dias atuais, foi mais ou menos assim: “Antes de fazer a revolução, precisamos limpar a nossa casa. Se a gente quer mudar algo, precisa ser por dentro primeiro”.
No encerramento da apresentação, a Basalt foi bastante aplaudida.
O segundo grupo da noite foi o Labirinto, com experimentações visuais e sonoras fantásticas e dignas de destaque! Todo o show é uma grande experiência dos sentidos. Era difícil desviar os olhos, pois a banda cresceu no palco. De repente, estavam gigantes!
Muriel Curi arrasou na bateria, e toda a ousadia do Labirinto em utilizar a tecnologia a favor da música só tornou a experiência ainda mais energizante. A utilização de tambores e solo feitos por eles foram de arrepiar, algo já visto antes com Sepultura (e agradeço aos deuses do rock por isso!).
A última performance ficou por conta da banda belga Amenra. E posso dizer que foi o ponto alto do que chamo de ‘experiência fúnebre’. Essa mistura de angustia e dor não diminuiu a importância dessa excelente descoberta.
O silêncio, que foi característico em toda a noite, chegou ao seu ápice durante a apresentação que aconteceu no meio do breu, com apenas alguns feixes de luz que evidenciavam os integrantes da banda, dando a impressão de que havia uma grade entre palco e público.
Difícil era tirar os olhos da sombra em movimento chamada Colin H. Van Eeckhout, vocalista da banda, que tocou o tempo todo de costas para a plateia. Seus movimentos, contrários aos outros integrantes, trouxeram uma beleza melancólica que só enriqueceu a apresentação.
Com o Fabrique lotado, a sensação era de estar sozinha vendo o Amenra expor o lado mais sombrio que habita em cada um de nós.
Mesmo em um show de metal, foi possível entender que a figura principal é realmente o silêncio.
Terminei com um certo sentimento de pesar, na certeza de que estamos acostumamos a esconder o que é necessário colocarmos para fora.
Todas as bandas merecem cada um dos aplausos que receberam ao fim de seus concertos. Com um certo estranhamento, também aplaudi o Amenra, mesmo carregando toda essa angústia que eles fizeram aflorar. Talvez seja essa a intenção, não é mesmo?
Trabalho feito! As luzes não se apagaram, acenderam-se.
Texto por Dani Melo e fotos por Edi Fortini