Johnny Olas: “A ditadura chilena acabou, mas ainda passamos 30 anos de abusos”

O Guilherme Goés bateu um papo exclusivo com Francisco Pancho Padilla, guitarrista da banda chilena, Johnny Olas. Confira a boa conversa logo abaixo e saiba mais sobre esse grupo sul-americano que mistura punk, ska e elementos da música latina!

Guilherme | Hedflow – Olá, Pancho e pessoal da Johnny Olas! Muito obrigado por essa oportunidade. Primeiramente, apresente a banda aos nossos leitores.

Pancho: Olá, pessoal! Primeiramente, agradeço ao site Hedflow pelo espaço. Nós somos Johnny Olas – uma banda de ‘tropical punk’ formada em Santiago, Chile (fim de mundo). Nós estamos em atividade há 4 anos, já realizamos apresentações por todo o território Chileno, e também já tocamos na Argentina, em 2019. Até o momento, lançamos um álbum Full length e muitos EPs singles, incluindo uma Dub Version gravada em São Paulo pelo produtor, Victor Rice.

Guilherme | Hedflow – Qual o significado do nome “Johnny Olas”?

Pancho: Nós estávamos procurando um nome que lembrasse algo ‘tropical’ quando iniciamos o projeto. Certo dia, eu estava assistindo o filme The Godfather, e quando o personagem Johnny Ola apareceu, eu pensei: ‘É isso!’.

Nós adicionamos a letra ‘s’ como plural no final do nome para criar algo diferente. Em espanhol, ‘Olas’ significa ‘Ondas’… Sendo assim, o nome da banda possui uma sensação praiana também.

Guilherme | Hedflow – Quais são as principais influências para o som da Johnny Olas?

Pancho: A música jamaicana é a nossa principal influência… Reggae e música Ska é o coração da nossa canção. Esse tipo de música agrada todos os integrantes da banda, embora haja influências de diferentes origens, como: música tradicional californiana, 2 Tone e música latina raiz. Uma coisa interessante é que temos influências de coisas fora do nosso gênero também, variando entre Punk, Hardcore, Metal e até mesmo pop. Mencionando bandas específicas, eu poderia citar Skalariak e The Special.




Guilherme | HedflowEu estava escutando o trabalho de vocês e notei que todas as composições da banda foram feitas em espanhol. Você poderia explicar o porquê dessa escolha?

Pancho: Nós somos do Chile e estamos na América do Sul. A língua principal dessa parte do continente é o espanhol e nós a amamos… A língua espanhola é linda. No entanto, nós estamos planejando gravar algumas músicas e novas composições em outras línguas, apenas para alcançarmos novos mercados, mas sem desprezar as nossas raízes. A música pode transmitir emoções e experiências que atravessam a fronteira da língua.

Guilherme | HedflowRecentemente, a banda lançou o single ‘Indiferencia’. Você poderia explicar a mensagem por trás da composição da música? Trata-se de um som de protesto em relação às manifestações recentes que ocorreram no Chile recentemente, certo?

Pancho: Sim. Essa música foi criada um ano antes do período de manifestações sociais no Chile. Além disso, ela se encontra com o contexto devido a mensagem sobre indiferença que algumas pessoas possuem acerca do que está acontecendo ao redor delas, como: a sociedade em geral, pessoas que vivem em situação de rua, abuso contra as mulheres, o poder do dinheiro, o sistema desigual, os direitos trabalhistas cada vez mais escassos e outros tópicos. Em nossa visão, esses problemas geram raiva entre a população. As pessoas no poder possuem de tudo, enquanto as pessoas nas ruas apenas querem os direitos básicos que são roubados. Infelizmente, isso vem acontecendo desde a época de nossos ancestrais.



Guilherme | Hedflow Em sua opinião, o que mudou no país em geral desde os protestos gerais de Outubro/Novembro 2019?

Pancho: Nós notamos uma sociedade um pouco mais desperta. Milhões de pessoas estão abrindo os seus olhos e entendendo o quão desigual é tudo que as cercam, além das motivações para que tudo isso aconteça. A ditadura chilena acabou, mas ainda passamos por 30 anos de abusos. Até o momento, as soluções estão sendo remendadas, a pandemia da Covid-19 paralisou temporariamente os movimentos e há eleições que pretendem alterar a constituição de nosso país. Porém, nós estamos aí, e ninguém irá nos tirar das ruas até que tudo mude.

Guilherme | Hedflow – Durante a produção do novo single, a banda trabalhou com o produtor/engenheiro de som TJ Rivera (Epitaph, Fat Wreck Chords e Hellcat). Como foi a experiência em dividir o estúdio com essa figura que já participou em diversos trabalhos importantes para a música Punk Rock?

Pancho: Bem, o mais engraçado é que não nos conhecemos pessoalmente ainda. Todo o processo aconteceu via Whatsapp e Email. Nós estávamos escutando o novo álbum de uma banda chamada Grade 2 – acredito que eles lançaram apenas esse material até o momento – e acabamos conhecendo o TJ. Depois de algumas pesquisas acerca de seu trabalho, nós pensamos “esse cara poderia nos ajudar a alcançarmos o som que realmente desejamos”. Em seguida, entramos em contato com ele, e o cara foi super simpático com a gente!

TJ foi bastante receptivo e captou bem as nossas ideias. Além disso, algo muito legal aconteceu durante o trabalho: antes de falarmos sobre o nosso próximo projeto, ele solicitou os nossos lançamentos anteriores, apontou alguns detalhes e explicou como a banda poderia melhorar. TJ entendeu que a nossa música precisava de uma mistura poderosa e o resultado foi incrível. Agora ele está trabalhando na segunda música do nosso próximo EP.

Guilherme | Hedflow – Além disso, vocês estão trabalhando agora com a Tedesco Comunicação e Mídia. Por favor, poderia falar sobre como aconteceu o contato entre a banda e a produtora? Como tem sido a experiência até agora?

Pancho: Para promover nossos shows locais, internacionais e ainda dar suporte ao nosso som, eu e minha namorada criamos o nosso próprio selo, chamado Family First. Sendo assim, durante o nosso trabalho, nós entramos em contato com o Tedesco, assim como outros promotores, companhias de imprensa, agências etc. Dessa forma conseguimos organizar a nossa turnê pela Argentina em 2020. Nós tínhamos planos de visitar a Califórnia em 2020, mas precisamos adiar a viagem devido ao vírus.

Guilherme | Hedflow – Quais outras bandas chilenas o público brasileiro deveria conhecer? 

Pancho: Há muitas bandas interessantes aqui! Recomendo La Rude Jasha, Chinatown Ska, Skanajazz e Pulso Gaiano.

Guilherme | Hedflow – Para encerrar, Johnny Olas tem planos de realizar shows no Brasil em um futuro próximo?

Pancho: Claro! Esse é o nosso objetivo para 2022, caso conseguirmos todas as condições para que isso aconteça. Temos amigos lá e o Brasil aparenta ter um mercado incrível para mostrar nossa música.

Guilherme | Hedflow –  Johnny Olas, obrigado pela oportunidade! Agora, diga algo aos nossos leitores!

Pancho: Nós somos Johnny Olas! Obrigado por ler isso e curtir nossa música. Estamos lançando novos sons periodicamente e nos conectando com o nosso pessoal através das redes sociais!

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Johnny Olas: “A ditadura chilena acabou, mas ainda passamos 30 anos de abusos”

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- Estudou jornalismo na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Apaixonado por música desde criança e participante do cenário musical independente paulistano desde 2009. Além da Hedflow, também costuma publicar trabalhos no Besouros.net, Sonoridade Underground, Igor Miranda, Heavy Metal Online, Roadie Crew e Metal no Papel.