Após dois anos de pausa nas atividades, o festival M’era Luna voltou com todo vapor em 2022, contando com 40 bandas e muitas outras atividades que fizeram um final de semana ser memorável para os fãs da cultura gótica.
A bucólica Hildesheim
Hildesheim é uma cidade da Alemanha, capital do distrito de mesmo nome, um estado da Baixa Saxônia. Tem pouco mais de 100 mil habitantes e fica há pouco mais de 2 horas de Berlim. O município foi fundado em 815 como sede episcopal católica e mantém uma estrutura arquitetônica bastante preservada com seu estilo de vida.
Na Idade Média, a cidade foi uma das mais ricas e significativas da região norte da Alemanha, mas durante a Segunda Guerra Mundial foi o alvo de oito ataques aéreos, o que deixou quase que metade da pacata Hildesheim danificada. Os trabalhos de reconstrução iniciaram logo no pós-guerra e muitos prédios medievais foram reconstituídos a partir de planos originais, com a utilização de pinturas e fotografias de antigos moradores.
O festival
Sob essa atmosfera de resistência histórica e bucólica, acontece lá o festival M’era Luna, considerado um dos eventos de cultura gótica mais importantes do mundo.
O fest é realizado desde 2000 e leva cerca de 25 mil pessoas para o aeroporto local, e, desde 2013, conta com ingressos esgotados. Sua última edição aconteceu em 2019. Em 2020 e 2021, os festivais foram adiados em decorrência da pandemia de Covid. Logo, era grande a expectativa de todas as pessoas que sempre marcavam presença por considerarem ser o seu ‘habitat’. E assim o foi no final de semana de 3 e 4 de agosto de 2022.
A experiência
O festival por si só vai muito além de um evento de música. É uma proposta que proporciona a experiência de imersão a uma grandiosidade de possibilidades dentro da cultura gótica e faz com que as bandas possam até funcionar como um ‘pano de fundo’ para as diversas atividades que o M’era Luna proporciona, pois é impossível aproveitar tudo simultaneamente. Assim, a programação é divulgada com antecedência para que o público alvo consiga montar o seu próprio cronograma de apreciação e atividades.
Além das mais de 40 bandas que tocaram nos dois dias de evento, o festival contou ainda com um acampamento para os que queriam ficar por ali mesmo durante o final de semana. Parcerias com entidades ligadas à sustentabilidade, feiras, oficinas (como dança medieval, workshop de maquiagem, leituras de autores góticos, desfile de moda gótica), e muitas, mas muitas feirinhas com vários estandes de diversas lojas de diversos tipos de produto, (que iam desde pele aos chifres de bebida conhecidos como ‘drinking horns’), acessórios para todas as partes do corpo, tatuagens temporárias, artigos de música, leitura… Enfim, muita coisa para 2 dias de festa.
E tudo foi bastante organizado pelos produtores. O app oficial do M’era Luna era atualizado com frequência e trazia as principais atividades e as eventuais alterações de programação, como, por exemplo, algumas atrações musicais que foram trocadas de última hora.
E a experiência não parava por ai: muitos shows foram transmitidos através de uma parceria com a NDR e o canal Arte através de streaming no YouTube, o que foi ótimo para as pessoas que não puderam estar lá. Além do horário oficial dos concertos, havia um aquecimento e pós festa com Djs durante o tempo todo. O público também pode apreciar as leituras que aconteceram antes do festival e que contaram com nomes como Isa Theobald , Markus Heitz e Lydia Benecke.
Música
As bandas que estiveram no palco do festival nesse ano foram: A Life Divided, Adam Is a Girl, Aeverium, Ambassador21, ASP ft. The Little Big Men, Blutengel, CHROM, Combichrist (em substituição do The Crüxshadows), Covenant, Diorama, Eisbrecher, Enemy Inside, Faderhead, Feuerschwanz, Front Line Assembly, Haujobb, Hell Boulevard, In Strict Confidence, Lacrimas Profundere (em substituição do Megaherz), Nachtmahr, Nitzer Ebb, Noisuf-X, Ost+Front, Oul, Priest (em substituição do The Cassandra Complex), Qntal, Rave the Reqviem, Rotersand, Schandmaul, Schattenmann, Solitary Experiments, Soman, The Beauty of Gemina, The Lord of the Lost Ensemble, The Mission, The Sisters of Mercy, Then Comes Silence, Tyske Ludder, Unzucht, VNV Nation Classical.
Um público cativante esteve presente durante todas as apresentações. Durante as últimas performances, as áreas de shows estavam lotadas com cada um curtindo a seu modo, com muito respeito, organização e espaço pra aproveitar cada experiência ali proposta.
Importância cultural e afinidades pessoais
Muito além da compreensão estética, da humanidade, da coletividade e da cooperação contidas nesses festivais, estes eventos traduzem a nossa sociedade atual. É trazida uma importância cultural e histórica grandíssima ao traduzir tudo isso que resiste através da arte. Resistir é cultura e se expressar é cultural. Poder fazer parte desse tipo de festival é apoiar a arte e as diversas manifestações que uma sociedade democrática consegue produzir atual e futuramente.
Também é importância ressaltar que, o espaço seguro oferecido para poder se manifestar e estar na presença de outras pessoas com mesmos gostos musicais e estéticos, faz toda a diferença, principalmente em épocas difíceis que nossa sociedade ultrapassa, com tantas perseguições culturais, políticas, guerras e destruição de recursos vitais para nosso povo.
Conseguir estar num ambiente seguro e prazeroso é uma salvaguarda. Poder criar vínculos com as outras pessoas do local é muito importante para garantir nossos direitos à expressão e manifestação cultural. Os vínculos criados ali são muito grandes e passam por diversos anos. Há uma parcela considerável de cidadãos que você já sabe que poderá rever no próximo festival. E é uma sensação boa como a de quem deixa um amigo querido sabendo que, num futuro próximo, poderá revê-lo.
2023
Por falar no próximo M’era Luna, ao final do evento, algumas informações já foram divulgadas: em 2023 o festival acontecerá nos dias 12 e 13 de agosto e já conta com as seguintes bandas confirmadas no line-up: Blitz Union, Gothminister, In Extremo, Joachim Witt, Letzte Instanz, Project Pitchfork, Solar Fake, Subway to Sally e The 69 Eyes, até o momento. Vamos seguir nas atualizações sobre o evento trazendo sempre as notícias mais quentes sobre os principais acontecimentos culturais.
Fotos do evento
Muito além das palavras que trazemos aqui, as fotos das bandas e das pessoas do M’era Luna são essenciais para entender sua importância cultural. São mais de 200 fotos do evento, por isso elas estarão separadas em dois links: um com as bandas do festival e outro com as pessoas do evento.
Divulguem, compartilhem, façam essas fotos e essa resenha chegar às pessoas do evento, pois é com esta finalidade que compartilhamos essas notícias.
