A banda polonesa de rock progressivo Riverside esteve em Berlim no último dia 20/09, para ‘encerrar’ a turnê europeia dos 20 anos de carreira. ‘Encerrar’ porque a banda ainda faria alguns shows na Polônia em setembro. O grupo comemorou 20 anos de trajetória em 2021 lançando uma coletânea, mas, por conta da pandemia, não conseguiu fazer muitos shows neste ano. Por isso, voltaram aos palcos para comemorar os 21 anos, como o vocalista Mariusz Duda fez questão de ressaltar várias vezes.
Após a digressão, a banda concentrará seus esforços no lançamento de um novo álbum, previsto para 2023.
O show aconteceu no Columbia Theater, mas era para ter acontecido no Huxleys Neue Velt. A mudança não pareceu incomodar os fãs, nem a banda, pois tanto o som como a iluminação, estavam impecáveis.
O setlist foi praticamente o mesmo do resto da turnê, com um apanhado dos 20 anos de carreira, com a inclusão de uma canção inédita, ‘Story of my Dream’, que abre o álbum comemorativo.
Mesmo sendo uma banda que mistura rock e metal progressivo, eles não gostam muito desse rótulo, sendo um pouco diferentes do estereótipo da ‘comunidade prog’. Gostam de animar a plateia, fazer o público cantar, interagir com as pessoas. Um exemplo foi nos solos de ‘Escalator Shrine’, que também chegou a ter o riff the ‘Black Night’, do Deep Purple. Inclusive, fazem piada com isso: em ‘Left Out’, queriam que o público cantasse, mas que isso só rolou depois de 5 minutos.
Uma homenagem é obrigatória em todo concerto da banda, desde que o guitarrista Piotr Grudziński faleceu, em 2016. A música-homenagem é ‘Towards the Blue Horizon’.
Sobre ‘We Got Used to Us’, Duda explica que a canção foi escrita originalmente sobre duas pessoas que não queriam mais estar juntas, mas que, durante a tour, virou uma música de protesto por conta de tudo o que está acontecendo no mundo. Segundo ele, “tempos incertos, polarização na Polônia, com a extrema-direita e extrema-esquerda”.
Não sei se ele quis parecer meio ‘isentão’, invocando aí uma teoria da ferradura, mas o fato é que a extrema-direita está no poder da Polônia desde 2015, e vem sistematicamente retirando direitos reprodutivos e da população LGBTQIA+, tendo inclusive a sua própria versão da ‘Escola sem Partido‘. Enquanto isso, a esquerda protesta e é reprimida. Onde está a polarização? Isenções à parte, é sempre bom quando uma banda resolve falar sobre política, mesmo não escrevendo explicitamente sobre isso em suas letras.
O show terminou no bis com ‘Conceiving You’ e a promessa de voltar a Berlim na turnê do novo álbum.
Texto por: Ricardo Yasuda
Fotos por: Edi Fortini
