Tinta y Tiempo, a turnê de Jorge Drexler trouxe amor ao Brasil


O cantor uruguaio, Jorge Drexler, trouxe a turnê Tinta y Tiempo para o Brasil. Começando por Curitiba, passando por Rio de Janeiro, São Paulo e terminando com duas apresentações em Porto Alegre.

Com 30 anos de carreira, uma lista de sucessos, nosso irmão latino-americano esgotou os ingressos no Espaço Unimed, em São Paulo.

Esbanjando alegria e suavidade, Drexler foi recebido por um público que o aguardava de coração aberto. O início do show contou com algumas dificuldades técnicas, o que não impediu que o momento virasse poesia. O microfone do artista queimou, e a plateia tomou a voz pra si. O resultado foi uma música inteira cantada à capela, quase de forma ensaiada. Esse tipo de conexão invisível que existe entre público e artista é que torna a música algo tão mágico.

Aplaudido de pé diversas vezes, o músico também fazia questão de demonstrar o afeto pelo pelo país que visita e pelos fãs, ajoelhando-se no palco, beijando o chão, agradecendo a presença de todos, sorrindo o tempo todo e dizendo o quanto estava estava feliz por aquele momento.

Cantou ‘Que Tal Um Samba’, de Chico Buarque e surpreendeu a todos com uma versão em espanhol de ‘Sampa’, de Caetano Veloso.

Aproximadamente 4 mil pessoas viram o concerto na noite do dia 24 de setembro, 3 dias depois do aniversário de Jorge Drexler. O presente que ele nos deixou foi a poesia em canção, foi a diversidade de músicos que se via no palco. Eram artistas  que se juntaram a ele especialmente para essa turnê, vindos de Guiné-Bissau, Barcelona, Madri, Buenos Aires e Bilbao.




Jorge Drexler tocou canções do disco que leva o nome da sua digressão, mas também passeou por músicas de álbuns anteriores. O público cantava junto o tempo todo, a linha invisível que ligava o artista aos presentes permaneceu em perfeita sintonia do início ao fim.

Drexler contou que Tinta y Tiempo quase não aconteceu. E foi com a ajuda de um amigo, presente na banda, que o disco se realizou. Ele dividiu conosco que começava a escrever as letras, mas não conseguia terminar. Foram tempos difíceis os anos de 2020 e 2021 com toda a incerteza gerada pela pandemia do coronavírus. Nos tempos mais difíceis é que o amor faz mais diferença. Entre uma música e outra, ele conversava com a plateia sobre a necessidade de amar.

Cantou ‘Era de Amar’, música do seu primeiro álbum, Vaivém. Nesse momento, o público virou parte da banda, batendo os pés e palmas, formando uma linda percussão.

Jorge Drexler, apesar de sempre deixar clara sua posição política, sendo uma pessoa que viveu na ditadura uruguaia, evitava falar abertamente sobre a situação do Brasil ou comentar algo sobre o atual presidente, Jair Bolsonaro. Porém, o músico usou o palco para manifestar seu desejo de ver um Brasil mais amistoso, receptivo e tolerante. Dizendo que estava completamente ciente que nos visitava num momento muito importante de mudança.

E foi assim que Drexler fez o L com a mão em apoio ao candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva.





Talvez, com tinta e tempo, o povo brasileiro consiga escrever uma nova história, e quem sabe a gente volte a entender que essa é a Era de Amar.

Volte sempre, Drexler!

Tinta y Tiempo, a turnê de Jorge Drexler trouxe amor ao Brasil

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- Nascida nos anos 90 e apaixonada por música e escrita, é fã de Beatles e Rolling Stones. Acredita que escrever é como soltar pássaros de gaiolas. Instagram: @eladaninelo @daniescreve / Twitter: @danislelas