Em Portugal, os atores Paulo Betti e Dadá Coelho desabafam: “Perdemos Cássia Kis”

O Núcleo do PT em Lisboa e o Comitê Lula Portugal organizaram na última quarta-feira (26), na Casa do Alentejo, em Lisboa, uma roda de conversa com imigrantes brasileiros, líderes políticos, comunicadores e movimentos sociais. Com intuito de dialogar sobre o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, o evento também contou com as presenças dos atores Paulo Betti e Dadá Coelho.

“A verdade é que eu deveria estar lá (Brasil), mas as datas da peça que estou fazendo foram alteradas. Quando veio a pandemia, tive que interromper essa turnê que eu estava fazendo aqui em Portugal há 2 anos. Nós ficamos aguardando e daí veio essa oportunidade de retomada bem nesta época de eleição”, afirma Paulo Betti, que está em digressão pelo país com o monólogo ‘Autobiografia Autorizada’, escrito pelo próprio ator.

“Eu votei no primeiro turno e agora eu estou trabalhando e tentando de tudo para que as pessoas também votem em meu nome. Estou em um trabalho intenso na internet, com grupos do interior do Brasil onde faço vídeos especiais para mães, tias, avós e familiares que estão indecisos e não sabem em quem votar no domingo (30)”, reforçou Betti ao lado da atriz e companheira Dadá Coelho, que também fez questão de frisar que esse pleito é o “mais importante da história do Brasil”.

Às vésperas da eleição, Paulo Betti não esconde a ansiedade e apreensão de estar fora de seu país em um momento tão decisivo para o povo brasileiro, incluindo os trabalhadores da cultura, que viram o Ministério responsável pela categoria desaparecer durante o atual governo. “Eu fiquei muito tenso com a vinda, mas agora eu tô aqui em Lisboa para ajudar. Eu estive na Madeira também e, apesar de muitos que estão lá não poderem votar, eles têm família no Brasil, e, a todo segundo eu tô pegando alguém e conversando”.




O ator brasileiro apresenta o seu espetáculo no próximo sábado, dia 29, no Teatro Ribeiro Conceição, em Lamego. “Com o público do teatro, quando acaba a peça, eu não falo ‘Lula lá’ porque eu também não quero agredir ninguém, pois sabemos que algumas pessoas não estão ali para isso. Mas, eu sempre falo da Amazônia, da pandemia, de todos os problemas. E aí eu percebo que a maioria está compreendendo o que está acontecendo com o Brasil neste momento”, explica.

A respeito da participação de artistas e intelectuais na campanha do Partido dos Trabalhadores (PT), Dadá Coelho rebateu as críticas de alguns jornalistas e analistas políticos que afirmaram, durante as últimas semanas, que essas iniciativas não fariam a diferença na virada de votos a favor do candidato Lula da Silva.

“O fundo do poço é só mais uma etapa, como disse (Luís Fernando) Veríssimo, né? Porque, quando a gente chega ao ponto de achar que livro é ostentação, está tudo errado. E essa é uma pauta que o fascismo e o bolsonarismo compraram. É um governo anti-intelectualidade, pois quem lê tem senso crítico. Então para ele (Bolsonaro) é melhor que a gente não leia. Por isso, achei que a campanha do L e do Livro foram bem interessantes”.

Sobre os colegas de profissão que declararam apoio ao candidato do Partido Liberal (PL), tanto Dadá quanto Paulo demonstraram profundo pesar e descontentamento: “Perdemos Cássia Kis”, disseram com firmeza na voz.

Na terça-feira (25), a atriz Cássia Kis proferiu diversas declarações polêmicas, homofóbicas e preconceituosas durante uma entrevista concedida à jornalista Leda Nagle. Cássia é eleitora declarada de Jair Bolsonaro, assim como Regina Duarte, Malvino Salvador, Humberto Martins e Carlos Vereza.

“Eu acho que ela (Cássia Kis) deve ter tido algum trauma em relação ao aborto. Todo o lance dela me parece ser em cima disso. Nós conversamos raramente, mas eu sempre digo o quanto a Cássia é talentosa e inteligente. Hoje, por exemplo, ela me enviou uma imagem de Jesus Cristo. Eu logo respondi: ‘Cássia, Jesus é preto. Por que você me enviou um Cristo branco, loiro e de olhos azuis?”, revela Paulo Betti.

Nesta semana, a atitude de Cássia também motivou Márcia Verçosa de Sá Mercury, advogada e filha da cantora Daniela Mercury e da empresária Malu Verçosa, a abrir uma denúncia ao Ministério Público alegando que esse tipo de discurso de ódio, além de discriminação LGBTfóbica, também é considerado um crime perante o Estado brasileiro.

“Eu não trabalho com ‘anti-vax’ e acho que não dá mais pra gente ficar relativizando, sabe? Não é uma eleição comum. Não é ‘direita’. Nós já nos relacionamos com a direita, pois sempre tivemos diálogo aberto com o FHC, por exemplo. Isso é extrema-direita. É o fascismo! É tudo que nega a vida. O Bolsonaro é um cara que exalta a morte e não existe nada neste atual governo que não seja para exaltar a morte”, finaliza Dadá Coelho.

Roda de Conversa organizada pelo Núcleo do PT em Lisboa com os atores Paulo Betti e Dadá Coelho nesta quarta-feira (26) na Casa do Alentejo.

Em Portugal, os atores Paulo Betti e Dadá Coelho desabafam: “Perdemos Cássia Kis”

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- Latino-americana, imigrante e jornalista. @sttefanicosta