Mais uma vez, São Paulo se tornou o ‘centro do mundo’ para entusiastas de automobilismo e música de alta qualidade. Além da emocionante corrida do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 realizada no Autódromo de Interlagos, a cidade sediou nos dias 04 e 05 a segunda edição do prestigiado festival GP Week, realizado no estádio Allianz Parque. Desta vez, o lineup do evento entregou uma eclética seleção de atrações musicais, abrangendo gêneros como a música eletrônica com o trio sueco Swedish Mafia House ao pop punk de Machine Gun Kelly, do som instrumental cativante de Sofi Tukker ao hip hop do renomado rapper Kendrick Lamar.
Contudo, o evento desencadeou controvérsias, pois coincidiu com um final de semana marcado por apagões generalizados em várias cidades do estado, resultado das chuvas torrenciais que assolaram a região sudeste na sexta-feira, dia 3 de setembro, e do péssimo serviço prestado pela Enel, empresa de energia que foi privatizada. Enquanto muitos moradores de São Paulo enfrentavam a escuridão, o prefeito Ricardo Nunes optou por se concentrar em marcar presença no camarote do evento. Até o momento, a preocupação persiste, com centenas de pessoas sem acesso a energia e internet por mais de 92 horas.
- Primeiro dia
No primeiro dia do festival, os portões foram abertos de forma pontual às 12h. Em contraste com a edição do ano anterior, que se iniciou com uma notável confusão, onde muitos fãs detentores de ingressos de meia-entrada foram impedidos de entrar, mesmo apresentando seus documentos de estudante, nenhum incidente semelhante foi registrado desta vez.
Os primeiros fãs que adentraram o Allianz Parque tiveram a oportunidade de conferir o merchandise oficial do evento, assim como estandes interativos de patrocinadores com ‘ambientes Instagravéis’. Um exemplo notável foi o cenário proporcionado pela marca de entrega de comida por aplicativo Rappi, que não apenas oferecia uma decoração exclusiva, mas também proporcionava massagens relaxantes e brindes exclusivos. Além disso, o espaço da Heineken chamava a atenção com uma mostra interativa sobre reciclagem.
No exato horário das 14h, o jovem artista Hodari iniciou a sessão musical do 2º GP Week Festival. Com sua sonoridade criativa, que mescla elementos de trap com influências do indie rock e RnB, o músico cativou a tímida plateia com as faixas ‘Sem Ménage,’ ‘Tudo pro ar’ e algumas outras que fazem parte de seu álbum de estreia homônimo, lançado em 2022. No encerramento de sua apresentação, ele presenteou o público com ‘Atmosfera,’ canção notavelmente interessante por exibir trechos de guitarras baseados no math rock. De fato, uma atração agradável para iniciar o dia.
Em seguida, Jaden Hossler, também conhecido como ‘JXDN‘, surgiu no cenário com uma entrada que protagonizou alguns clichês: antes de começar o set com ‘Friends with Benefits‘, o artista exibiu uma camiseta da CBF e fez questão de expressar seu amor pelo Brasil. O show do norte-americano atraiu particularmente o público mais jovem, dado seu destaque nas redes sociais, especialmente no aplicativo TikTok, onde compartilha vídeos de dança e covers. No entanto, tanto o jovem cantor quanto sua banda de apoio conseguiram cativar a atenção da plateia com as faixas ‘Dead Or Alive,’ ‘Pray,’ ‘Better Off Dead’ e ‘Wanna Be’, fortemente baseadas no pop punk dos anos 2000. Além disso, o músico demonstrou carisma, interagindo com os fãs na plateia e transmitindo mensagens sobre bem-estar, saúde mental e o poder da música como uma forma de enfrentar a depressão.
Ainda na linha do ‘renascimento do pop punk’, veio nada menos do que a maior estrela desse movimento, o polêmico rockstar Machine Gun Kelly. Sua apresentação foi a primeira do evento a investir pesadamente em efeitos interativos, incluindo labaredas de chamas e fogos de artifício. O set teve início com uma mistura de faixas de suas fases de rap e emo melódico com ‘papercuts,’ ‘PRESSURE,’ e ‘Floor 13,’ que contaram com a participação de outros cantores que surgiram no palco para colaborar nas rimas. Em seguida, o show seguiu uma linha similar ao espetáculo exibido no festival Lollapalooza 2022, com um setlist repleto de canções do aclamado álbum ‘Tickets To My Downfall’, incluindo hits como ‘Concerts For Aliens,’ ‘Maybe’ e ‘Bloody Valentine’. Além disso, para agradar os fãs brasileiros, o músico fez uma pequena ‘graça’, apresentando um curto cover de ‘Danza Kuduro’ (de Don Omar), que ficou conhecida no país na voz do popstar Latino. Contrariando expectativas, Halsey não apareceu para fazer um feat em ‘Forget Me Too’. No entanto, o show foi extremamente divertido, justificando o hype em torno do excêntrico vocalista.
Após quatro anos desde sua última apresentação no festival Lollapalooza, Halsey fez seu aguardado retorno ao Brasil com um set marcado por efeitos especiais. O palco foi preenchido com cascatas de fogos de artifício, lasers de última geração, iluminação intensa e projeções psicodélicas nas telas, criando uma experiência visualmente deslumbrante. A moça apresentou algumas das principais faixas de sua carreira solo, que atravessam os gêneros do hip hop e emocore, como ‘Bad at Love’, ‘3am’ e ‘Without Me’. Porém, as canções que mais empolgaram a plateia foram aquelas em que colaborou como vocalista convidada, como ‘Eastside’ e ‘Closer,’ um enorme sucesso da dupla The Chainsmokers.
Encerrando o primeiro dia com um toque de festa ‘after’, o trio Swedish Mafia House entregou um autêntico espetáculo visual que cativou a audiência mais pela produção artística do que pela música em si. Durante a apresentação, as luzes no estádio foram diminuídas, deixando o Allianz Parque com uma atmosfera de discoteca. Explosões de máquinas de fumaça, labaredas de lança-chamas e fogos de artifício foram usados sem comiseração. Entretanto, a interação com o público foi limitada, ganhando relevância apenas durante a execução do megahit ‘Don’t You Worry Child / Heaven Takes You Home’.
Quer saber como foi o segundo dia do festival? Em breve, resenha aqui na Hedflow!
Texto: Guilherme Góes
Fotos: Gabriel Ramos – Profissional credenciado pelo site “Igor Miranda Música e Jornalismo”
