No último domingo (25), a casa de espetáculos Fabrique, amplamente apreciada pelo público underground de São Paulo, foi cenário de uma verdadeira celebração dedicada à vertente mais barulhenta da música – o grindcore. Na data, o clube sediou a eletrizante apresentação do lendário duo Lightning Bolt, reconhecido por mesclar grindcore e música experimental. O evento contou ainda com a participação do Test, uma referência no cenário nacional do grindcore, e do DEAFKIDS, cuja trajetória teve início no hardcore punk, mas que, nos últimos tempos, tem incorporado elementos atmosféricos em sua sonoridade.
Iniciando o evento, a banda Test conquistou o público com uma performance impressionante, especialmente graças à habilidade excepcional do baterista “Barata“. Ele alternou entre batidas frenéticas, blasts beats explosivos e momentos de serenidade, realizando pausas estratégicas no decorrer das músicas. Além disso, surpreendeu a plateia ao incorporar influências de jazz e math rock, elementos que verdadeiramente levaram o público a um êxtase coletivo.
Seguindo, o trio DEAFKIDS entregou uma performance ainda mais impactante. A mistura de elementos do noise, sons tribais e o uso de pedais com distorção para criar nuances eletrônicas resultou em uma apresentação verdadeiramente performática. O uso de tamborins e a incorporação cuidadosa do experimentalismo, detalhado meticulosamente, proporcionaram um set fascinante. A experiência musical oscilou entre extremos. Cativados pela música, os fãs se entregaram à dança, mas também realizaram mosh pits quando foi necessário.
Enquanto as cortinas permaneciam fechadas, o baterista Brian Chippendale animava a audiência com solos avulsos, intensificando ainda mais a ansiedade generalizada. Com a casa surpreendentemente cheia, superando as expectativas de público, a atração principal da noite finalmente apareceu no palco, com um atraso de 40 minutos em relação ao horário oficial.
O que se desenrolou em seguida foi uma verdadeira celebração, sem fronteiras entre palco e plateia, onde camisetas eram arremessadas ao palco, fãs dançavam e pulavam, envolvendo-se em uma atmosfera sonora que mesclava elementos de hardcore, punk, jazz e viradas frenéticas.
Brian Gibson impressionou com os efeitos de pedais, habilmente reproduzindo sons de guitarra no contrabaixo. Enquanto isso, Chippendale cativava a atenção pela velocidade e fúria de suas viradas, seu visual exótico, vocal com autotune e tentativas bem-sucedidas de manter o humor com a plateia.
A gig concebida pelas Maraty e Powerline demonstrou que a música extrema pode ser executada com paixão e qualidade, proporcionando momentos de alegria e descontração. Indiscutivelmente, foi uma noite singular, gravando-se na memória de todos os presentes devido à sua atmosfera verdadeiramente incomum.
Fotos: Ygor Monroe
Texto: Guilherme Góes
Fotos: Ygor Monroe
Agradecimento especial: Maria Correia (Heavy Metal Online/ Metal No Papel)