Têm sido notórias as tentativas incessantes de difamar o PCP (Partido Comunista Português), principalmente após o início do conflito na Ucrânia. O partido foi o único a não ‘condenar’ a Rússia no parlamento lusitano, respeitando a sua posição em defesa de sua soberania contra a OTAN/NATO (essa que representa amplamente, e, acima de tudo, os interesses imperialistas dos Estados Unidos da América a fim de subjugar todos os demais povos e nações do mundo).
O fato é que o PCP e seus militantes vêm sendo acusados de ‘fanatismo cego’ pela direita e pelas pseudo-esquerdas de Portugal.
Um outdoor com intuito de desabonar os comunistas portugueses foi colocado próximo à entrada da Quinta da Atalaia, onde ocorre o evento.
Utilizando-se de um layout parecido ao da propaganda da festa, colocaram Kharkiv, Bucha, Odessa e Mariupol como se fossem headliners. Havia também coisas do tipo: “tortura, bombardeamento de alvos civis, destruição de patrimônio cultural, massacres e crimes sexuais” – como se fossem os ‘artistas secundários’ a participarem da festa.
A autoria é da Juventude Popular (uma organização dita ‘social democrata’, aberta a liberais e cristãos conservadores).
Essa foi uma maneira repugnante e rasteira de alimentar a absurda ‘teoria da ferradura’ que tenta equivaler comunismo e fascismo, esses que, desde as suas gêneses, foram, são e sempre serão eternos antagônicos um do outro.
A verdade é que o público da festa, para além de seus militantes, respondeu muito bem à edição deste ano.
No palco principal, na noite de abertura (na sexta-feira do dia 2 de Setembro), pôde-se contemplar um concerto sinfônico de celebração do centésimo aniversário do nascimento de José Saramago.
No mais, aconteceu também (com um feedback super positivo), a Rave Avante! As magníficas Violet, Yazzus e Renata brindaram os amantes da música eletrônica, tendo como mote ‘As Mulheres e as suas lutas‘.
Como destaques, do sábado, tocaram também Pongo, Emílio Moret com Vitorino Salomé, Les Frères Smith, Fogo Fogo e Mão Morta. Já no terceiro dia, o encerramento ficou a cargo de Carminho e Marta Ren, além do aclamadíssimo Dino D’Santiago. Já no Auditório 1.º de Maio tocaram também Bia Ferreira e Paulo Bragança.
Acerca dos ataques a quem participou da festa, Bia comentou:
“Sobre a minha participação na Festa do Avante. Faço arte para denunciar as violências que meu povo sofre. Quero que o mundo saiba que a colonização europeia no meu país deixou um estrago tão grande, que a gente tá pagando a conta até hoje. Quanto à guerra entre Rússia e Ucrânia, eu nunca fui a nenhum desses países, mas aqui no Brasil eu vivo na guerra desde que nasci, e nunca vi essas mesmas pessoas preocupadas com as nossas mortes (…) Um país que mata mais que a Rússia, mas não é interessante noticiar. Vou tocar na Festa do Avante e vou fazer o que eu faço de melhor: arte.”
Dino também não se omitiu, de jeito nenhum, e publicou em seu Instagram:
“Tenho recebido mensagens de algumas pessoas contra a minha participação na Festa do Avante, outros responsabilizando-me pelo sangue ucraniano derramado nesta guerra. Sim. Sou responsável pelo sangue derramado nesta e em todas as guerras, em ambos os lados da trincheira! Porque sou um filho do século XX! O século mais assassino da história da Humanidade.
Relativamente a esta guerra entre dois países europeus, parece que despertou finalmente a compaixão do privilegiado eurocêntrico que hoje prova o sabor do seu próprio veneno ‘ocidental’. Onde estão quando a Fome grita por socorro às crianças no Iémen, onde estão quando o assunto são os 5,5 milhões de Seres refugiados da República Democrática do Congo, ou dos 1,75 milhões que fogem de Burkina Faso, somando aos outros Milhões de Pessoas refugiadas vindas dos Camarões, Sudão do Sul, Chade, Mali, Sudão, Nigéria, Burundi e Etiópia?”
Após o espetáculo, ele desabafou:
“Infelizmente, o medo é o grande controlador da humanidade, e o fato de muitas vezes não sabermos quem somos de verdade e sermos tantas vezes o reflexo daquilo que os outros projetam em nós, a nossa covardia, às vezes, é a máscara perfeita para aqueles que querem silenciar as nossas vozes.”
Além disso, no comício (que marca sempre o encerramento do evento), o Secretário-Geral do Partido Comunista Português, Jerónimo de Sousa foi direto ao criticar o atual governo de António Costa: a “escalada de guerra”, tal como a “espiral de sanções”, contam com “a cumplicidade do Governo português!”
Disse com ênfase maior: “A realidade está a demonstrar quem tudo faz para que a guerra não termine” — e não é a Rússia, que está a ser alvo de um “cerco”, mas quem ganha dinheiro com armas ou acumula lucros na atual situação econômica.”
Ainda sobre o executivo do PS, Jerónimo condenou as suas “forças reacionárias” com “medidas falsas e hipócritas de assistencialismo!” Ele descreveu o PS como uma “força da política de direita”, por fim.
E, parafraseando o querido camarada e antigo líder do PCP, Álvaro Cunhal, Jerónimo proferiu vigorosamente: “Dizia ele que o sonho está sempre mais avançado do que a realidade. É verdade. Mas, com a nossa militância, passará a realidade!”
Que assim seja, camaradas!