Lisboa Mistura quer “escutar a cidade e o mundo à volta” com programação popular e gratuita


O Festival Lisboa Mistura regressa à capital portuguesa com concertos, rodas de conversa, oficinas de arte urbana e muita partilha envolvendo questões sociais e culturais. O evento intercultural acontece nos dias 9 e 10 de setembro, nos jardins do Museu de Lisboa (Palácio Pimenta), no Campo Grande.

Entre as atrações musicais desta 18ª edição, estão o concerto da banda Fogo Fogo, que vai apresentar o seu novo disco intitulado Fladu Fla, uma obra de Funaná à moda lusófona, e a performance de Dobet Gnahore, bailarina, compositora e artista da Costa-do-Marfim vencedora do Grammy na categoria ‘Melhor Performance de Música Alternativa’.

Destacam-se ainda nomes como a DJ A Mãe Dela e suas paisagens sonoras, Soweto Kinch, músico que traz uma rara e excelente combinação entre hip-hop e jazz , Criatura, um eclético bando de músicos, artistas e gente que se dedica a ecoar a memória popular do território que habitam, e a Orquestra de Percussão e Sopros (Projecto D´Improviso), que promove e incentiva o estudo de música clássica em cinco bairros de Lisboa.

Carlos Martins, fundador e dinamizador do festival, sintetiza o evento como uma oportunidade de escutar a cidade e o mundo à volta, pensando no futuro da cultura como ativação da cidadania na construção urbana. “Queremos continuar a trabalhar para democratizar a cultura e para desacelerar a vertigem do ruído visual através de processos de escuta. E queremos, acima de tudo, dar palco às tradições e à inovação sonora e do pensamento”, afirma.

O Lisboa Mistura tem-se afirmado, desde 2006, como um espaço intercultural destinado ao conhecimento e que tem trazido ao centro da capital lusitana vários projetos distintos dos bairros de Lisboa, tornando o espaço urbano um lugar de inclusão através dos encontros das artes e das pessoas.

A festivalização da cultura, por promover a efemeridade e substituir cultura por entretenimento, não constrói sustentabilidade nem ajuda as pessoas a encontrarem plataformas que medem os seus interesses e aspirações com interesses privados“, explica o idealizador.

A partir do trabalho coletivo, o Lisboa Mistura propõe aos uma forma diferente de olhar para as questões urgentes que se põem às comunidades. “Lisboa tem que ser no mesmo esgar tradição e risco, não só turismo e gentrificação”, reforça Martins.





Programação completa do Festival Lisboa Mistura:

Dia 9 de setembro (Sábado)

16:00 – Debate: Lisboetas e Visibilidade 
Conversa sobre uma Lisboa inclusiva: quantos dos lisboetas ainda não têm a visibilidade desejada nesta cidade com tantas culturas? 

17:00 – Festa Intercultural 
Apresentação de grupos de diferentes geoculturalidades que muitas vezes não têm acesso aos palcos centrais. 

19.30 – Orquestra de Percussão e Sopros (Projecto D´Improviso) 
Como pode a improvisação contribuir para influenciar a criatividade social? Projecto desenvolvido em 5 bairros de Lisboa. 

20:00 – DJ: A Mãe Dela 
Como podem as paisagens sonoras criar atmosferas que nos inspirem a partilhar mais o espaço comum. A Mãe Dela tem muita música sobre o assunto. 

21:00 – Soweto Kinch 
A rara e excelente combinação entre Hip-Hop e Jazz numa das vozes mais interessantes do panorama mundial revela-se neste grande músico negro inglês. 

22:30 – Dobet Gnahore 
Cantora, bailarina, compositora e artista africana Dobet, vencedora de um GRAMMY, vem a Lisboa mostrar a sua arte inspirada na cultura da Costa-do-Marfim. 

Dia 10 de setembro (Domingo)

16:00 – Debate: Arte participativa
Como pode a co-criação e a arte participativa criar nos artistas a consciência da urgência em trazer para a Cultura as comunidades dela afastadas? 

17:00 – OPA (Oficina Portátil de Artes) 
A OPA é um projecto com a idade do Mistura e continua a dar todos os anos pistas sobre como os jovens dos bairros de Lisboa encaram a sua arte e a intervenção artística. 

18:45 – JAZZOPA 
Este novo projecto, que nasceu há 2 anos, junta Spoken word com Jazz e Hip-Hop através da mistura de estilos de jovens de diferentes proveniências culturais e artísticas da cidade e suas periferias. 

20:00 – DJ: Tiago Pereira 
O principal protagonista de A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria vem propor-nos escutar vozes e instrumentos que trazem consigo a ancestralidade e a tradição de um Portugal invisibilizado pela velocidade do “progresso”. 

21:00 – Criatura
A Criatura é um eclético bando de músicos, artistas e gente que se dedica a ecoar a memória popular do território que habita e que daí revisita a tradição 

22:30 – Fogo Fogo
Apresentação do novo disco Fladu Fla, um disco de Funaná à moda lusófona. Um final de Mistura para dançar e sair pronto para novas misturas e novos encontros.

Organização: Associação Sons da Lusofonia | EGEAC Cultura em Lisboa



Lisboa Mistura quer “escutar a cidade e o mundo à volta” com programação popular e gratuita

Por
- Latino-americana, imigrante e jornalista. Twitter: @sttefanicosta