Sturle Dagslans: “Nossa música é expressiva, dinâmica e progressiva”

O músico norueguês comentou sobre seu novo single, ‘Kusanagi’, influências de seu próximo trabalho e show no SIM SP 2019.

Confira a conversa do correspondente da Hedflow, Guilherme Góes, com Sturle Dagslans:

Guilherme | Hedflow – Olá, Sturle Dagsland! É uma honra falar contigo. Primeiramente, introduza seu trabalho aos nossos leitores.

Sturle: Olá! Meu nome é Sturle Dagsland. Eu sou um artista norueguês e faço meu trabalho em conjunto com meu irmão, Sjur. Geralmente, eu trabalho com música todos os dias, escalando a arte de compor com trilhas, passeios de patins, brincadeiras com ioiô e outras aventuras.

Guilherme | Hedflow Como você define o seu som e trabalho?

Sturle: Nossa música é expressiva, dinâmica e progressiva. Nós usamos uma ampla variedade de arranjos em instrumentos de todas as partes do mundo e as misturamos com sons eletrônicos, paisagens sonoras modernas e diferentes técnicas vocais. Nossa música geralmente gera sentimentos e emoções entre os ouvintes, e isso acaba atraindo um público variado.

Nós já nos apresentamos em grandes eventos de pop, rock e metal em diversos locais ao redor do mundo intercalados com apresentações em festivais de pornografia gay em Berlim, festas de sexo em Brighton e em Philharmonic Halls na Rússia, então nosso público é muito diversificado. Nossos shows são um lugar onde todos, desde crianças pequenas, até pessoas com chifres instalados cirurgicamente na testa, podem aparecer. Portanto, embora nossa música possa ser um pouco diferente, ela atrai pessoas de uma ampla variedade de lugares, culturas e estilos de vida.

Guilherme | Hedflow – Recentemente, você lançou um novo single chamado ‘Kusanagi’. Por favor, você poderia nos contar um pouco sobre esse trabalho?

Sturle: ‘Kusanagi’ é o nome de uma lendária espada japonesa.

Kusanagi’ é uma música intensa e repleta de expressões e sentimentos. A base da canção foi construída por uma batida de bateria e algumas harpas pesadamente executadas, acordes suaves em guitarras elétricas, bem como um saxofone barulhento. Os vocais variam entre rap intenso, feroz e melodias reverberadas.



Guilherme | Hedflow – Em 2021, você lançará um novo álbum. Conte-nos um pouco mais sobre seu próximo projeto.

Sturle: Assim como no novo single, nós usamos uma grande variedade de instrumentos diferentes de todo o mundo misturados com eletrônica, paisagens sonoras e muitas experiências diferentes, mas a ferramenta mais importante para mim durante a criação das músicas foi a minha própria voz. Estou continuamente explorando e usando uma vasta paleta de diferentes técnicas vocais em nosso trabalho.

A maior parte do álbum foi feito em nosso estúdio em Stavanger, mas também gravamos em vários locais diferentes, como topos de montanhas na Noruega, áreas industriais abandonadas na Rússia, lendários navios da Marinha soviética na Europa Oriental, reservatórios de água na Alemanha, um farol em uma ilha remota no Mar do Norte e até capturamos sons de lobos em vilas de trenós puxados por cães na Groenlândia. Neste último exemplo, eu estava uivando, cantando e gritando guturalmente com cães husky. Eu era o maestro, e eles eram minha orquestra. As gravações foram feitas durante uma perigosa tempestade de neve e todos os sentidos realmente entraram em ação, —  tanto meus quanto dos cachorros.

Guilherme | Hedflow – Quais bandas ou artistas serviram de influência em seu próximo lançamento?

Sturle: Produzir música é algo flexível, e a maneira como você combina suas influências podem variar de uma música para outra. Nós temos um processo constante de criação de música, e nossas inspirações podem vir de qualquer lugar, tanto da música, natureza, sonhos, arte, vida ou até mesmo do subconsciente.

Eu amo todos os tipos de música: pop, música clássica russa, folk africano, experimental, flamenco e etc.

Além disso, sou um grande admirador da rica herança musical que existe na Noruega, e a nossa música folclórica é maravilhosa. A faixa de encerramento do álbum , ‘Noaidi’,   leva o nome do povo Sami. Essa comunidade representa o povo indígena do norte da Europa e nossas raízes Sami maternas. Já o Noaidi, segundo a tradição, é capaz de realizar comunicações com o mundo espiritual. A música não é necessariamente influenciada pela música Sami em si, mas pela figura mítica do xamã da cultura Sami.

Guilherme | Hedflow – Além disso, você irá trabalhar com a agência brasileira Brain Productions Booking. Como vocês se conheceram? E por que decidiram trabalhar juntos?

Sturle: Nós nos conhecemos no SIM São Paulo 2019. O Carlo Bruno (produtor) está irradiando uma energia positiva incrível em nosso trabalho.

Além disso, nós queríamos uma repercussão maior nesta parte do mundo, e a parceria ocorreu de forma natural. É sempre bom trabalhar com alguém que possui uma paixão genuína pela música. O Bruno e o Erick pertencem a esse tipo de pessoa.

Guilherme | Hedflow – Aqui no Brasil, estamos passando por um péssimo momento lidando com o Coronavírus, e eu acho que a situação é relativamente igual na Noruega e no resto da Europa. Como a Covid 19 afetou seu processo de trabalho?

Sturle: A pandemia de Covid-19 teve efeito devastador em todos os países do mundo. Felizmente, a situação não foi tão grave na Noruega. Tivemos cerca de 70 shows cancelados ou adiados este ano em toda a Europa, Ásia, América Latina e os EUA.

Guilherme | Hedflow – Em 2019, você participou do festival SIM SP. Como foi a experiência? E qual a sua opinião sobre o público brasileiro?

Sturle: A resposta, durante e após os shows, foi incrível. O público estava extremamente entusiasmado, e os presentes foram amigáveis, o que eu exatamente esperava que fosse acontecer. Além disso, conheci um macaco durante uma caminhada, bebi leite de coco e fiz novos amigos, então não poderia pedir uma experiência melhor no Brasil.

Até os taxistas de São Paulo foram muito simpáticos. Para fazer amigos, bastava dizer “olá” e falar de alguns antigos futebolistas brasileiros. “Olá, Roberto Carlos, Ronaldo e Rivaldo”, e então nos tornamos amigos na hora e recebemos recomendações não solicitadas sobre samba, ‘saideiras’ e mulheres brasileiras.

Meu irmão Sjur também comprou 25 kg de grãos de café brasileiro e os trouxe para a Noruega.

Guilherme | Hedflow – Devemos esperar outro show no Brasil em um futuro próximo?

Sturle: Eu realmente espero poder voltar ao Brasil no próximo ano, quando a pandemia de Covid-19 estiver sob controle. Estamos planejando uma turnê na América Latina, mas no momento é impossível dizer exatamente quando isso vai acontecer, mas definitivamente pretendemos algo em 2021.

Sturle Dagslans: “Nossa música é expressiva, dinâmica e progressiva”

Por
- Estudou jornalismo na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Apaixonado por música desde criança e participante do cenário musical independente paulistano desde 2009. Além da Hedflow, também costuma publicar trabalhos no Besouros.net, Sonoridade Underground, Igor Miranda, Heavy Metal Online, Roadie Crew e Metal no Papel.