Machine Head traz o seu melhor show a Portugal em mais de 30 anos de carreira

A abertura ficou a cargo das bandas suecas Amon Amarth e The Halo Effect.

Essa turnê, Vikings And Lionhearts, trouxe à capital portuguesa toda a radiância da maior produção que o Machine Head já teve, enquanto grupo a tocar em direto, nos seus mais de 30 anos de actividade. Com direito a pirotecnia, chuva de papel e discurso motivacional, os músicos brindaram aos seus seguidores na agradabilíssima noite deste domingo, 10 de Outubro de 2022.

Da formação original, o único remanescente é o frontman (guitarrista e vocalista) Robb Flynn. O cara é altamente carismático e sabe muito bem como conduzir uma malta headbanger ávida por música pesada com nuances melódicas e versos que intercalam guturais com cantos limpos repletos de emoção.

Desde 2019 o guitarrista lead que vem atuando com a banda é Wacław Kiełtyka, mais conhecido como ‘Vogg‘. Ele é membro de um dos grupos mais aclamados no death metal mundial, o Decapitated. Os outros dois membros que completam o quarteto com Robb no momento são Jared MacEachern (baixista) e Matt Alston (baterista).

O alinhamento agradou tanto os ouvintes de longa data quanto os mais recentes, isso deve-se ao facto de terem mesclado o seu trabalho novo com clássicos mais contundentes dessas três décadas de história.

‘BECØME THE FIRESTØRM’, do lançamento Of Kingdom and Crown de Agosto deste ano, foi o arranque ideal para trazer o frescor da fase atual dos Machine Head. A resposta do público presente no Campo Pequeno em Lisboa foi realmente à altura da intensidade contagiante que esse som propõe.

A sequência veio com ‘Imperium’ do tão apreciado Through the Ashes of Empires (2003). Flynn convocava a todos, clamando por ‘circle pit’, assim que a base mais empolgante e pesada estava para entrar. Claro que a audiência respondeu de prontidão e rodas enormes abriram-se na arena.

‘Ten Ton Hammer’ foi iniciada logo depois. Essa faixa é muito especial, porque foi a que fez com que os Machine Head ganhassem uma notoriedade global no âmbito da música pesada. Essa é do álbum The More Things Change… (1997) em uma fase da década de 90 impulsionada por um heavy metal com mais groove, que conquistou um vasto contingente de adeptos.

‘I Am Hell (Sonata in C#)’, de Unto the Locust (2011), remete a uma altura em que a banda flertou com death metal melódico e, consequentemente, satisfez metaleiros mais característicos e amantes de harmonias e solos com um maior grau técnico.

‘Blood for Blood’, de Burn My Eyes (1994), foi emendada a seguir e despejou uma energia colossal advinda de um thrash metal mais tradicional. O maior circle pit do evento ocasionou-se ali.

Aí surgiu o momento em que Robb decidiu se abrir com o público e contar sobre o carinho que tem por Portugal desde 1994, quando os Machine Head vieram pela primeira vez para uma digressão com os Slayer, além de falar também que em momentos de depressão sempre recorreu à música e não a um suposto deus.

“A coisa, para a qual eu sempre me virei, foi a música. E penso que posso falar por cada pessoa nesta sala. Vocês talvez sintam-se da mesma maneira. Em determinada altura da vida, a música veio para preencher esse vazio dentro de vocês. Nada mais o faria, e, é por isso que estão aqui.”

Com uma guitarra acústica em mãos, Flynn deu início aos acordes de ‘Darkness Within’, também de Unto the Locust, levando muitos às lágrimas.

O peso esteve logo de volta com ‘Now We Die’, do Bloodstone & Diamonds (2014). ‘From This Day’, de um dos álbuns mais vendidos deles, intitulado The Burning Red (1999), foi o tema escolhido para dar um andamento ainda melhor à atmosfera que se criou depois daquele momento mais intimista.

Por fim, aconteceu até trechos de covers dos Slayer e dos Iron Maiden, ‘Raining Blood’ e ‘The Number of the Beast’, respectivamente, na abertura e no fecho de ‘Davidian’, também extraída do primeiro álbum (Burn My Eyes). Essa canção é muito estimada por ter introduzido os Machine Head, em meados da década de 90, como uma das bandas mais promissoras da cena pesada estadunidense.

As luzes se apagaram e só se ouvia o nome do grupo aos gritos, em uníssono. Eles vieram então com o encore. A magnífica ‘Halo’, do álbum The Blackening (2007), agraciou toda a gente junto de uma chuva de papel picado. Assim foi entregue um espetáculo memorável, que promete ser mencionado às vindouras gerações lusitanas que hão de apreciar o melhor que a música pesada consegue inspirar.

Galeria de fotos por Stefani Costa é Jéssica Marinho:

Machine Head traz o seu melhor show a Portugal em mais de 30 anos de carreira

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- Comunicador cultural, editor e fundador da Hedflow Mídia.