Coisas da vida

Hoje nos despedimos de Rita Lee.
De acordo com sua própria profecia a respeito de sua partida, são inúmeras as notinhas que estão saindo a respeito de sua morte. São coisas da vida.

A morte, essa companheira tão antiga, ainda nos é estranha. Queremos mantê-la longe pelo tempo que for possível. Queremos preservar quem nós amamos e esquecemos que o tempo é amigo da vida da mesma forma que é amigo da morte.

Rita tinha um espírito livre, disso não há dúvida.

E essa liberdade já existia mesmo no auge da ditadura no Brasil. Rita Lee, grávida, encarcerada, conseguiu virar sinônimo de liberdade.

Ela não era boazinha, e nenhum pouco chata. Rita desafiava o mundo com seus olhos cor de céu.
Rita chegou a dizer que achava cafona isso de ser chamada de rainha, mas o que dá de ser feito quando os súditos precisam de alguém pra coroar? Dizem que o amor é cafona.

Rita viveu sem ter hora pra acabar, gravou 17 discos de sua carreira solo, além dos álbuns da época em que era integrante de Os Mutantes, além de ter feito uma parceria com o marido, Roberto de Carvalho. Rita Lee foi além da rainha do rock, foi a feiticeira protetora dos animais, a escritora, a esposa de Roberto, mãe de Antonio, João e Beto Lee, foi a avó de Izabella e Arthur, filha de Charles Fenley Jones e de Romilda Padula Jones.

Caetano Veloso comentou no documentário Rita Lee – Ovelha Negra, que ela era sua Mutante favorita desde o começo, a musa da canção ‘Sampa’.

Rita faleceu na madrugada de 9 de maio. Em 2021 foi descoberto um câncer de pulmão (que ela apelidou de Jair). Com o tratamento, a cantora conseguiu a remissão da doença. Porém, ela sofreu com alguns efeitos colaterais que agravaram a sua saúde.

Num momento como esse, tudo que pode ser escrito dificilmente será satisfatório para dizer o que Rita Lee representa. Escrevo enquanto escuto ‘Coisas da Vida’.

Esse não é o fim da avenida. Rita Lee se despede e deixa aqui muitas ovelhas negras com sede por liberdade em corações cheios de saudade.

Como disse Lulu Santos: “Rita Lives!”



Edição por Stefani Costa (ao som de ‘Luz Del Fuego’)

Coisas da vida

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- Nascida nos anos 90 e apaixonada por música e escrita, é fã de Beatles e Rolling Stones. Acredita que escrever é como soltar pássaros de gaiolas. Instagram: @eladaninelo @daniescreve / Twitter: @danislelas