A banda argentina Onda Vaga, se apresenta hoje (19) no Cine Joia, em São Paulo.
O álbum mais recente do grupo é Rojo, divulgado neste ano, mas os hermanos já lançaram outros três discos: Fuerte y Caliente (2008), Espíritu Salvaje (2010) e Magma Elemental (2013).
A Onda Vaga faz um caldo musical que contempla elementos da música latina, como o tango e a cumbia, sem deixar de lado o rock e o folk. Há também muita influência da música brasileira – que os músicos declaram ser uma grande inspiração para suas composições.
Antes de subir ao palco do Cine Joia, a banda Onda Vaga, formada por Germán Cohen, Marcelo Gabriel Blanco, Marcos Orellana, Nacho Rodríguez e Tomás Justo Gaggero, conversou com a Hedflow. Confira:
Dani Melo – Hedflow: ‘A Minha Menina’ é uma canção dos Mutantes, e vocês chegaram a gravar outras versões de músicas brasileiras. De que forma os ritmos do Brasil influenciam a banda?
Onda Vaga: Acredito que estamos destinados a incorporar ritmos e música brasileira em nossas canções, um dos nossos primeiros temas (e um dos mais ouvidos em streaming) é a versão bossa nova de ‘Havana Affair’ dos Ramones. Pegamos emprestados muitos elementos porque somos essencialmente uma banda acústica e aqui sabem muito bem como criar ritmos dançantes com sons nobres (até mesmo com uma caixa de fósforos). Isso faz parte do espírito compartilhado, qualquer coisa que soe ganha vida na música.
Dani Melo – Hedflow: A banda tem origem argentina e uruguaia. Fazendo parte do cenário musical da América Latina, quais foram os maiores desafios que vcs encontraram na indústria? Houve alguma pressão para gravar em inglês, por exemplo?
Onda Vaga: A verdade é que fomos muito sortudos com nosso público, pois nunca tivemos o respaldo de uma grande gravadora, e mesmo assim conseguimos ser ouvidos em grande parte do mundo graças ao boca a boca. Nunca tivemos pressão de qualquer tipo na hora de escolher um repertório; sempre fizemos o que nos pareceu melhor artisticamente. Acredito que nossa música transmite algo além das palavras; muitas pessoas nos ouvem e se emocionam mesmo sem entender o espanhol.
Dani Melo – Hedflow: A pandemia da COVID 19 mudou algo na forma como vocês encaram a música, o processo de criação e as relações entre os membros da banda?
Onda Vaga: Sem dúvida, houve um antes e um depois do confinamento. Isso afetou não apenas a forma de compor e produzir, mas também acredito que cada show ganhou uma importância maior: é valorizado mais como uma comunhão, como um evento especial, e se aprecia melhor a importância da celebração coletiva.
Dani Melo – Hedflow: Dizem que os latinos são mais calorosos, seres mais sentimentais. O último álbum de vocês, Rojo, têm composições que demonstram isso, o que é maravilhoso. Vocês acreditam que a música pode ensinar, principalmente os homens, a demonstrarem seus sentimentos, e conversar sobre eles abertamente?
Onda Vaga: Não tenho dúvidas, e espero que seja uma mudança expansiva. Poderia dizer que, pessoalmente, isso me ajudou muito a me abrir e deixar para trás, ou pelo menos a enxergar certos padrões que eu repetia inconscientemente. Ao mesmo tempo, há muita música latina mainstream que segue na direção oposta, rumo ao superficial e frívolo. Acredito que estamos em uma época muito polarizada nesse sentido, e nossa posição sempre foi muito clara.
Texto por Dani Melo
Edição por Stefani Costa
