Um excelente público esteve presente no Fabrique Club, em São Paulo, para conferir uma verdadeira celebração de um estilo musical que é muito apreciado pelos brasileiros. Estamos falando do death metal, gênero do metal extremo sob o qual estão Deicide, Kataklysm e Vulture. As três bandas provaram que o estilo está longe de ser algo monótono.
O evento foi o extremamente organizado e pontual, sendo que a primeira banda, o Vulture, começou seu set um alguns minutos antes do horário previsto. Um excelente público já estava presente quando os brasileiros oriundos de Itapetininga mostraram a versatilidade e bom gosto que a banda tem em suas composições. Isso é fruto das quase três décadas que a banda tem de estrada. O som estava muito bem equalizado durante o curto tempo que tiveram de palco, mas que foi muito bem aproveitado.
Os músicos, visivelmente felizes por estarem ali, entregaram um som brutal, mas cheio de passagens melódicas muito bem elaboradas. Fica aqui o destaque para as músicas ‘Unholy Grave’, ‘Abençoado Seja o Homem Ateu’ e o mais recente single ‘Mórbido Poder’, mostrando que death metal pode soar muito bem em português.
Após a troca de palco, foi o momento do Kataklysm mostrar muito carisma e uma abordagem diferente dentro do estilo. A dobradinha ‘Push the Venom’ e ‘Guillotine’ provaram ser excelentes escolhas para abrir o show e foram cantadas por boa parte do público. Importante ressaltar que muitas pessoas estavam lá especialmente para prestigiar os canadenses, que costumam se referir à sua música como “northern hyperblast”.
Independente do rótulo, a banda traz uma linguagem mais moderna e contemporânea em suas composições, que trazem passagens com muito groove e melodia, mas sem perder a brutalidade. ‘The Killshot’, faixa do álbum Unconquered, é um bom exemplo dessa mistura e foi muito bem recebida apelo público. A banda fez questão de agradecer e mencionar a presença de Alex Camargo e Max Kolesne do Krisiun, que tiraram dezenas de fotos com os fãs durante a noite toda.
A apresentação foi tecnicamente impecável, com o vocalista Maurizio Iacono se comunicando com a plateia durante toda a performance. ‘In Shadows & Dust’ e a clássica ‘The Black Sheep’ foram responsáveis por encerrar a excelente apresentação do quarteto.
Kataklysm – Fotos por Gil Oliveira/Hedflow
Como dito anteriormente, muita gente compareceu ao evento para assistir o Kataklysm, mas é inegável que o Deicide era a atração mais esperada da noite. O show foi literalmente de poucas palavras e muito ‘espancamento’ sonoro. Ao lado dos lendários Glen Benton (baixo e vocal) e Steve Asheim (bateria), Kevin Quirion e Taylor Nordberg (guitarras e vocais de apoio) deram uma verdadeira aula de death metal extremo.
Não teria como dar errado, pois a banda tocou o clássico álbum Legion na íntegra, comemorando os 30 anos de seu lançamento. As rodas mais insanas e violentas aconteceram durante a apresentação do quarteto estadunidense.
O álbum foi executado de maneira irretocável, soando mais brutal do que nunca. A atual dupla de guitarristas honrou com louvor as linhas dos irmãos Eric e Brian Hoffman. Após ‘Revocate the Agitator’ o quarteto prosseguiu o set com ‘Once Upon the Cross’, um dos maiores clássicos da banda e do estilo. Foi de arrepiar ouvir o público cantando “fear him, fear him, fear him… Satan!” em uníssono com Glen Benton.
‘They Are the Children of the Underworld’ e ‘Scars of the Crucifix’ só intensificaram e prepararam o terreno para um clássico deste século, a música ‘Homage for Satan’ do álbum The Stench of Redemption (2006). Com certeza este foi um dos grandes momentos da noite.
Para encerrar o show com chave de ouro a banda escolheu tocar ‘Dead by Dawn’, música que faz parte do álbum de estreia lançado em 1990. Glen Benton tem uma presença de palco muito carismática e imponente, mesmo não falando muito com o público.
Ainda bem que ele não levou a sério o plano de se matar aos 33 anos de idade!
