Do brilho à escuridão: o último dia do SBSR 2018

Do brilho à escuridão: o último dia do SBSR 2018

 

Antecedendo a performance da grande estrela da noite, tivemos a belíssima apresentação do grupo espanhol La Fura Dels Baus, que sempre propicia atuações artísticas interagindo com o público em um espetáculo performático bastante atrativo.

Em seguida, Benjamin Clementine fez o seu show de número 14 em Portugal. Ele protagonizou a performance mais apreciada no último dia de Super Bock Super Rock.

Uma parte de grande emoção em sua apresentação foi quando ele convidou a cantora portuguesa Ana Moura para cantar ‘I won’t complain’ com ele. O público foi totalmente tomado pela melodia emocionante das vozes de Ana e Benjamin combinadas.

Autor de dois álbuns ‘At Least For Now’ e ‘I Tell a Fly’, o músico inglês possui uma versatilidade vocal impressionante!

Subiu ao palco descalço, como de costume, em seu paletó azul e começou a tocar ‘Ave dreamer’, música que trata da crise mundial generalizada que acomete – principalmente, e, de forma implacável – a todos os que são de origem mais humilde, mas que, mesmo assim, tentam transcender sua realidade através das artes.

Outro momento memorável foi quando ele liderou ‘ a cappella’ o belíssimo coro entoado pelo público da Altice Arena em ‘Condolences’. O cantor conduziu a todos ali presentes nos versos, que mais pareciam mantras, para acalentar as feridas profundas em nossa doentia sociedade de consumo: “I’m sending my condolences to fear / I’m sending my condolences to insecurities.

Foi notável que grande parte da audiência na última noite esteve lá para esse concerto. Já que na sequência sobrou cerca de menos de um quinto do contingente de pessoas na arena para Julian Casablancas + The Voidz.

O grupo foi formado em 2013 e veio ao festival com seu trabalho mais recente, intitulado ‘Virtue’ (lançado em março deste ano.)

É fato que a fase atual de Julian é mais complexa e bem mais interessante do que aquela vivida por ele no The Strokes. O The Voidz faz um som psicodélico repleto de boas referências do rock setentista. No entanto, o som na Altice Arena estava terrivelmente mal regulado; levando em conta que, com poucas pessoas no local, o level de volume poderia ter sido reduzido pela metade. Assim ele teria sido difundido de uma maneira melhor e toda aquela estridência não ecoaria tanto.

Também se apresentou no Palco EDP a cantora iraniana, Sevdaliza, não menos impressionante dentre as atrações tidas como mais comerciais. Ela faz um som que tem influências claríssimas de Portishead e Massive Attack. Porém suas habilidades vocais e suas ótimas letras deram uma identidade genuína ao trabalho.

No mesmo palco também tocaram os ingleses do The The com seu new wave agradabilíssimo!

Os músicos estão em atividade desde o final da década de 70 e já passou por várias formações diferentes. Mas, Matt Johnson sempre esteve firme e forte como o frontman da banda.

O grupo britânico esteve apto a reunir um bom público no espaço destinado, apesar de um dia com pouca concentração de audiência no evento como um todo. A apresentação agradou muito os fãs que puderam presenciar e ouvir ao vivo os temas mais famosos, como: ‘Heartland’, ‘The Beat(en) Generation’ e ‘This is the Day’.

Para o próximo ano, pensamos que cabe à organização do Super Bock Super Rock uma reflexão sobre as ‘apostas’ nas cabeças de cartaz para atrair a multidão que se espera em eventos desse porte.

O evento, que é organizado pela Música no Coração, retorna em 2019, nos dias 18, 19 e 20 de julho.

 

Texto: Fernando Araújo

Imagens: Stefani Costa

 

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